Como ocorre a reprodução na aquariofilia?
- Ovíparos ou ovovivíparos?
- A escolha dos pais
- Desenvolvimento da desova
- O condicionamento para a reprodução
- Qual o equipamento necessário?
- A criação de alevinos
Os modos de reprodução dos peixes são extremamente variados. É por isso que cabe a você conhecer bem a espécie que deseja reproduzir, o que requer uma boa documentação prévia. Além disso, é essencial garantir de antemão que você tem espaço suficiente para acomodar dezenas de futuros peixes.
Os peixes de aquário mais comuns podem ser ovíparos ou ovovivíparos.
Ovíparos ou ovovivíparos?
Nos ovovivíparos, os ovos se desenvolvem dentro do ventre da mãe. Os peixes dão então nascimento direto a alevinos, capazes de nadar e se alimentar. Os peixes vivíparos geralmente são muito prolíficos (várias dezenas de alevinos por desova). As fêmeas podem dar à luz a alevinos várias vezes após serem separadas do macho, pois são capazes de conservar o sêmen por certo tempo. Sua reprodução é fácil e acessível aos iniciantes. Entre os mais comuns, podemos citar os Platys (Xiphophorus), os Guppys e Mollys (Poecilia) e os Xiphos (Xiphophorus).
Os ovíparos, por outro lado, desovam ovos, que serão fecundados e incubados no aquário. A maturação dos ovos varia em duração, de cerca de dez dias a várias semanas, dependendo da espécie. Durante esse período, o ovo se desenvolve a partir de suas reservas e a alimentação não é necessária. Uma vez maduros, os ovos liberam um alevino. Isso acontece com os bettas (Betta), killies (Aphyosemion) e danios-zebra (Brachydanio rerio). A reprodução de peixes ovíparos é mais delicada do que a dos ovovivíparos. Suas exigências em relação à qualidade da água também são mais estritas, pois os ovos são muito sensíveis aos poluentes.
A escolha dos pais
Em qualquer caso, é claro que se precisa de pelo menos um macho e uma fêmea. Para algumas espécies, o dimorfismo sexual é bem marcado, e você não terá dificuldade em diferenciar os sexos. Para outras, esta não é uma tarefa fácil. A solução, se o tamanho do seu aquário permitir, é então adquirir um grupo de 5 ou 6 peixes. Assim você terá uma grande probabilidade de ter peixes de ambos os sexos no grupo. Além disso, é importante saber que alguns machos não se contentam com uma única fêmea: se os dois parceiros não forem compatíveis, a reprodução não ocorrerá. O ideal é geralmente ter 3 ou 4 fêmeas para 1 macho.
O condicionamento para a reprodução
Os peixes, como a maioria dos animais, só se reproduzirão se suas condições de vida forem ótimas. Eles devem estar, portanto, em boa saúde. A alimentação é um elemento chave para a reprodução do peixe: os pais precisam de uma fase prévia de "condicionamento alimentar" de cerca de 15 dias, durante a qual o uso de alimentos de excelente qualidade, vivos ou congelados, é recomendado. Em algumas espécies (Danios ...) pode ser bom separar os machos das fêmeas durante essa fase, e só uni-los para a desova. Esta separação pode ser realizada instalando uma divisória no tanque, por exemplo.
A água também deve ser de excelente qualidade em termos de parâmetros bioquímicos (amônia, nitritos, pH) e à temperatura adequada para a espécie considerada. Os peixes vivíparos, muito prolíficos, no entanto, toleram um pouco mais de flexibilidade: reproduções espontâneas no aquário, sem qualquer intervenção humana, são regularmente observadas. Além disso, alguns peixes podem precisar de um fator desencadeante para se reproduzir, como por exemplo uma queda na dureza da água ou um ligeiro aumento da temperatura.
Desenvolvimento da desova
Durante a fase de reprodução chamada "desova", o macho persegue a fêmea para fecundá-la. Uma fêmea cheia pode ser reconhecida por sua barriga arredondada. Ela dará à luz a alevinos (ovovivíparos) ou ovos (vivíparos).
O caso particular do betta:
A reprodução do betta pode ser feita em um aquário de cerca de vinte litros. A fêmea é então apresentada ao macho, sem que contatos sejam possíveis (por exemplo, colocando-a em uma garrafa transparente perfurada ou em uma pequena gaiola de rede). Se suas condições de manutenção são ótimas e ele se sente bem, o macho betta vai criar um ninho de bolhas na superfície da água. É então o momento de liberar a fêmea. A desova sendo bastante violenta, esconderijos são necessários para permitir que cada peixe se proteja de seu parceiro. A fêmea expulsa os ovos, que o macho recolhe no fundo do aquário para colocá-los no ninho de bolhas. Cuidado, para evitar que essas idas e vindas o esgotem demais, a altura da água não deve exceder 15 cm. Depois, a fêmea deve ser retirada do aquário.
Qual o equipamento necessário?
O ideal é montar um aquário de reprodução, para proteger os ovos e os alevinos contra o canibalismo e os ataques dos adultos do aquário comunitário. A desova e a postura ocorrem então no aquário de reprodução, e depois os pais são retirados do aquário.
A postura dos peixes ovíparos pode ocorrer de diferentes maneiras: pode ser realizada em água livre (os ovos são liberados na água e se depositam no fundo do aquário) ou em um substrato.
-Para os peixes ovíparos que desovam em água livre (Danios), você pode colocar uma grade no fundo do aquário de reprodução, de modo a criar um fundo duplo: os ovos cairão assim sob a grade e estarão protegidos dos pais. Um aquário com fundo escuro permitirá controlar a presença dos ovos antes de retirar os pais.
-Para os peixes que desovam em substrato (Killies), será necessário providenciar no aquário de reprodução um suporte de desova (turfa, plantas ou "mop" feito com fios de lã de cor escura presos a uma rolha de cortiça). Você também pode fazer a desova dos peixes no aquário comunitário, depois coletar os ovos e incubá-los separadamente.
Alguns aquários de reprodução são projetados como extensões do aquário comunitário e são alimentados pela mesma água. No caso de peixes ovíparos, lembre-se de que os ovos são sensíveis aos poluentes: a qualidade da água deve ser perfeita. Se os dois aquários são separados, a temperatura idealmente será ligeiramente mais alta no aquário de reprodução do que no aquário de manutenção, e o pH poderá ser um pouco mais ácido. O aquário de reprodução também deve contar com um filtro de fluxo mínimo para evitar aspirar os ovos e os alevinos. O uso de um filtro-esponja é recomendado.
Se você não tem um aquário desse tipo, alguns alevinos podem eventualmente sobreviver no aquário dos pais. É então imperativo fornecer esconderijos adaptados ao seu pequeno tamanho (pilha de pedras, musgo, plantas).
Outra alternativa é o uso de uma maternidade flutuante ou de uma gaiola de rede. Instaladas no aquário comunitário, essas estruturas permitem que os alevinos sejam protegidos dos seus congêneres, sem a necessidade de montar um segundo aquário. Isso permite maximizar o número de alevinos vivos, o que é bom apenas se você tiver a possibilidade de cuidar deles posteriormente. A fêmea cheia é colocada lá antes da desova.
É preferível que a maternidade flutuante seja tão espaçosa quanto possível, para evitar que a fêmea sofra com o estresse do confinamento. Evite também colocar várias fêmeas ao mesmo tempo. Os maternidades de plásticos têm fendas laterais para permitir a circulação da água. Tenha cuidado, no entanto, para que elas não sejam muito grandes, caso contrário os alevinos podem sair da maternidade...
A criação de alevinos
Você deve alimentar os alevinos com um alimento adequado à sua idade. Alguns kits disponíveis no mercado oferecem alimentos com granulometria adequada para alevinos para as três primeiras semanas. Paillettes reduzidas a pó fino, náuplios de artêmia ou infusórios podem ser adequados. Os alevinos devem ser alimentados no mínimo duas a três vezes por dia na primeira semana, em pequenas quantidades. A maior dificuldade é que eles precisam de água muito limpa, mas desperdiçam muita comida. Portanto, as trocas de água devem ser frequentes. Você também pode sifonar o excesso de comida no fundo, tomando cuidado para não aspirar os alevinos...
Assim que os alevinos atingirem um tamanho suficiente (2 a 3 cm), eles podem ser transferidos para o aquário comunitário.
A reprodução de peixes exige, portanto, um pouco de equipamento, mas sobretudo muita paciência e perseverança. Se você não conseguir obter reprodução, revise os parâmetros do ambiente e a alimentação. Se ainda não funcionar, tente com outro casal. Finalmente, certifique-se de que você pode garantir o futuro dos jovens alevinos, que não são sempre fáceis de vender ou trocar.
