Ter um gato em apartamento

À primeira vista, todos conhecem alguém cujo gato parece ter se adaptado muito bem ao confinamento imposto pela vida em apartamento. Podemos até encontrar vantagens nisso, como a segurança. Um gato em apartamento não corre o risco de ser atropelado por um carro. Tem pouca chance de brigar com gatos de rua e de contrair doenças infecciosas como o FIV.
O apartamento é, de certa forma, uma prisão dourada que alguns indivíduos tolerarão melhor do que outros. Antes de tomar a decisão de manter um gato em apartamento, é preciso ter plena consciência do que isso implica para ele para poder compensar da melhor forma as suas privações.

Sumário:

• Qual gato escolher para viver em apartamento?
• Satisfazer as necessidades de um gato de interior
• É necessário vacinar, vermifugar, identificar e esterilizar um gato que não sai ao exterior?
• Passear o seu gato com guia: uma boa ideia?

Qual gato escolher para uma vida em apartamento ?

Antes de tudo, é necessário escolher um gatinho que nunca tenha conhecido a vida ao ar livre.  De fato, como escreve o Dr. Joël Dehasse, veterinário comportamentalista, “um gato nascido livre deve viver livre [...] o gato determina os critérios de referência do seu ambiente antes de 9 semanas: é imperativo respeitar esses critérios para preservar um bom equilíbrio mental”. [1]

Um gato em apartamento deve ser perfeitamente sociabilizado e capaz de controlar suas garras e dentes durante as brincadeiras, por exemplo. Um gatinho será bem sociabilizado se tiver sido manuseado e acariciado regularmente entre duas e sete semanas. Para saber se o seu gatinho tem bons autocontroles, suspenda-o pela pele do pescoço: ele deve imobilizar-se imediatamente. Se ele se debater, talvez seja melhor escolher outro.

 

Satisfazer as necessidades de um gato de interior

O gato em apartamento precisa de um ambiente rico e estruturado. Para o seu bem-estar, deve-se organizar áreas distintas: um ou mais pontos de alimentação, uma caixa de areia, várias áreas de descanso e esconderijos. As áreas de alimentação, de dormir e a caixa de areia devem ser claramente separadas no espaço e não devem estar localizadas em um local de passagem ou próximo a um aparelho barulhento. Não é aconselhável, por exemplo, colocar a tigela de comida imediatamente ao lado da caixa de areia. É assim que se organiza, na natureza, esse animal territorial. Na medida do possível, é melhor evitar mover os móveis, pois o gato os marca com cheiros para “demarcar” o seu território.

Os gatos apreciam muito poder subir em locais altos. Todas as prateleiras acessíveis serão bem-vindas. Se o seu apartamento é pequeno, é um bom modo de aumentar a superfície disponível para o gato. As árvores para gatos são para alguns uma distração importante, enquanto outros não lhes prestarão a menor atenção. Eles serão idealmente localizados perto do local de dormir. Os arranhadores também serão usados com mais ou menos sucesso. Para torná-los mais atrativos, você pode esfregar neles um caroço de azeitona ou arranhar você mesmo com um garfo molhado em óleo de oliva, um cheiro muito excitante para o gato. Em geral, os arranhadores mais estáveis serão preferidos pelo gato (os de cartão são leves, instáveis e frequentemente pouco usados). 

Além disso, é importante ter períodos de brincadeira com ele, inclusive na idade adulta, e deixar brinquedos à sua disposição durante o dia para combater o tédio. Deve-se tentar variar ao máximo as atividades. O desafio é encontrar um brinquedo que o estimule e não o canse rapidamente.

Sobre a alimentação, considerando a pouca atividade física dos gatos de interior, é melhor optar por uma ração de baixo teor calórico. Muitos fabricantes oferecem rações especialmente formuladas para gatos de apartamento. É recomendável seguir regularmente a evolução do peso do seu gato e pedir rapidamente conselho ao seu veterinário em caso de ganho de peso anormal. Alguns brinquedos permitem estimular o gato e liberar alimento em pequenas quantidades. Os mais comuns são tubos perfurados que o gato deve rolar para liberar as rações. Em geral, os gatos se divertem muito, mas a maioria tem a desvantagem de ser barulhenta e espalhar poeira de ração por todo o apartamento. Outros brinquedos igualmente estimulantes consistem em colocar comida em um tabuleiro de jogo ou simplesmente em um copo fixado ao chão, para incentivar o gato a pegar a ração com a pata. É perfeitamente possível fazer com que esses brinquedos se tornem a única fonte de alimento do seu gato.

Nunca deixe seu gato na varanda sem supervisão. As quedas de janelas são mais comuns do que se pensa e todas as quedas podem ser graves, do 2º andar como do 5º. Da mesma forma, cuidado para não deixar uma janela aberta se você não está na sala. No entanto, não prive seu gato de uma varanda ou terraço, que é um elemento de diversão e bem-estar considerável.

Os jogos e distrações devem permitir que você evite os “ataques de predação”, que são um problema frequente dos gatos de apartamento: por falta de atividade, o gato ataca as pernas do dono. Se, apesar de tudo, esses ataques persistirem, é altamente recomendado procurar um veterinário comportamentalista para implementar um tratamento adequado para diminuir o nível de excitação do gato. Às vezes, apesar de tudo, terá que resolver encontrar uma casa com jardim para ele.

 

É necessário vacinar, vermifugar, identificar e esterilizar um gato que não sai ao exterior?

- A esterilização: Os benefícios do ponto de vista médico se aplicam também às gatas de interior. Quanto aos machos, a esterilização terá a vantagem de diminuir a excitação e os comportamentos de marcação urinária, mas será, além do confinamento, um segundo fator que favorece o ganho de peso excessivo.

- A vacinação: A vacinação continua recomendada para os gatos que vivem em apartamento. De fato, alguns vírus são muito resistentes no ambiente externo, e você pode trazê-los para casa através das suas roupas ou sapatos (é o caso, por exemplo, do Calicivírus responsável pelo Coryza). Lembre-se de lavar bem as mãos depois de ter contato com outro gato. Além disso, mesmo que não tenha acesso livre ao exterior, seu gato pode ser levado ocasionalmente ao veterinário, ficar sob os cuidados de terceiros... e encontrar outros gatos.

- A identificação: a identificação por microchip ou tatuagem é obrigatória para todos os gatos nascidos após 1 de Janeiro de 2012, vivam eles em apartamento ou não.

 

Passear o seu gato com guia: uma boa ideia?

Alguns donos de gatos de apartamento optam por passeios com guia. Isso pode ser uma fonte de diversão para o gato, confrontando-o com situações, cheiros e ruídos fora do comum. Para isso, equipe-o com um arnês. As coleiras não são absolutamente adequadas para a morfologia do gato, que pode se soltar facilmente. Comece desde a adoção a fazê-lo usar o arnês só, e uma vez que ele esteja bem acostumado, prenda uma guia leve, deixando-a arrastar atrás dele. As guias de nylon são ideais porque são flexíveis, leves e facilmente laváveis. A terceira etapa é segurar a guia enquanto segue o gato em seus movimentos. Finalmente, você pode encorajá-lo a segui-lo chamando-o, atraindo-o com um brinquedo ou uma guloseima. Não deve em hipótese alguma forçá-lo. As primeiras saídas devem ser curtas, em um lugar tranquilo. Posteriormente, você pode sair para a rua em horas tranquilas. Se o gato ficar assustado com algo, pegue-o nos braços e volte para casa. Tudo isso requer mais uma vez ter um gato bem equilibrado e sociabilizado.




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