Treinador de cães-guia, uma profissão que transforma vidas
Jay Taylor é treinadora de filhotes de cães-guia para a associação inglesa Guide Dogs. Atualmente, ela está responsável por 37 filhotes, com idades entre sete semanas e 14 meses, aos quais ensina as habilidades necessárias para se tornarem cães-guia que auxiliam pessoas cegas.
Ela sempre sonhou em trabalhar com cães. “Faz mais de trinta anos que eu trabalho com eles e não poderia esperar por algo melhor”, explica ela ao jornal britânico The Guardian. “Cada dia é diferente neste trabalho”. De fato, Jay passa muito tempo visitando os filhotes de cães-guia que são confiados a passeadores voluntários. Ela compila os objetivos destinados a cada filhote para se assegurar de que eles estão no caminho certo e que estão progredindo bem. Às vezes, ela até faz caminhadas em grupo, para dar a oportunidade aos filhotes de estarem na presença de outros cães.
Um cão preferido? “Para ser honesta, eu prefiro aqueles que são um pouco travessos porque é mais um desafio, e é então mais gratificante vê-los tornarem-se cães-guia que mudarão a vida de alguém que vive com a cegueira. Eu gosto especialmente da raça Pastor alemão”. Cada filhote tem seu próprio temperamento e caráter, e a treinadora adora ver suas personalidades se desenvolverem ao longo dos anos. Ela adora ver o entusiasmo dos filhotes que acabaram de chegar nas casas de seus passeadores.
Com ela, os filhotes são treinados seguindo o mais alto grau de exigência. “Nós nos asseguramos de que nossos programas de treinamento sejam projetados individualmente de forma a atender às necessidades do cão-guia e de seu dono. Escolher o cão certo para o dono certo exige habilidades e experiência. O comprimento do passo do dono, sua altura e estilo de vida serão todos determinantes para a escolha do cão-guia”. Logo depois, quatro semanas de treinamento intensivo são necessárias para se assegurar que realmente exista uma verdadeira sintonia e química entre o mestre e seu cão.
De fato, não existe um tipo de cão que sirva para todas as pessoas com deficiência visual. “Cada filhote é único e todos têm formas diferentes de aprender e diferentes níveis de aprendizado. Para ser bem-sucedido, você precisa definir diretrizes realistas desde o primeiro dia, mantendo em mente o objetivo final, que é que esses filhotes possam um dia ajudar uma pessoa com deficiência visual. Pode ser fofo para um filhote de oito semanas de idade pular em alguém para pedir um abraço, mas não é mais quando esse filhote pesa muito mais e pode machucar a pessoa”.
Deixar esses filhotes irem para seus novos donos nem sempre é fácil para os voluntários, que tiveram o tempo para se apegarem a seus companheiros de quatro patas. Por volta dos doze meses, o aprendizado é concluído para a maioria dos filhotes e eles são então entregues aos seus donos, o que é muitas vezes um verdadeiro aperto no coração para os passeadores.
Mas a experiência vale a pena, segundo Jay Taylor. “Eu não faria isso há tanto tempo se eu não testemunhasse os maravilhosos benefícios. Eu encontrei donos que nunca saíam de casa antes de ter um cão-guia. Ver como os cães-guia podem transformar vidas é tão gratificante. Os cães-guia oferecem a muitas pessoas vivendo com a cegueira uma incrível autoconfiança, independência e liberdade - além de serem companheiros leais e amigos fiéis para seus donos”.
No entanto, se os cães ouvem atentamente as instruções de seus donos, eles também podem desobedecer quando a situação exige, para não colocá-los em perigo. “Muitas pessoas pensam que é o cão que toma as decisões, como ao atravessar a rua, enquanto na verdade a responsabilidade é do dono. Nossos cães aprendem a “desobediência inteligente”, o que significa que eles precisam ter confiança suficiente em si mesmos para poder rejeitar uma ordem se não for seguro segui-la, como se um carro estiver se aproximando”.
Para ter sucesso nesta profissão, ter experiência com cães é a coisa mais importante. Se esta profissão lhe interessa, não hesite em consultar o site da Federação Francesa das Associações de Cães-guia para cegos.
Crédito fotográfico: Ken McKay/ITV/Rex Shutterstock
